terça-feira, 20 de maio de 2008

Com vocês, Aloisio de Abreu



Hoje "estréia" o primeiro texto do Aloisio de Abreu neste humilde blog.
Lembra que falei na semana passada que ele ia ter um post semanal?
Portanto e para tanto o post do dia é dele.
Nas fotos o fofo em si num momento palco em Subversões.
Boa leitura.

DE FECHAR O COMÉRCIO
por Aloisio de Abreu

Engraçado como lembrança puxa lembrança. Depois de ler o breve memorial do Marcelo, me lembrei que, na mesma época, eu estava metido nas coxias dos teatros levando uma vida entre leituras de textos, ensaios, figurinos extravagantes, peças de época, outras de minha autoria mesmo, estudos, enfim, eu era um legítimo representante do “povo do teatro”. Inclusive no quesito visual – eu havia abandonado as calças de tergal e as camisas de voile (sim, eu usei muita calça de tergal e camisa de voile da Adonis, tá bom pra ti?) para cair de cabeça no look pós-hippie: calças jeans surradas, t-shirts de grupos de teatro tipo “Vivo, Muito Vivo E Bem Disposto”, “Pára Quedas do Coração” (se não me engano este era o grupo de teatro da Bebel Gilberto e do Cazuza) e aquelas sapatilhas pretas chinesas que todo acupunturista usava. Ou usa até hoje. Meu pé naquela sapatilha parecia o pé do Pato Donald. Modinha uó, credo. Enfim, essa volta toda foi só o intróito do assunto que eu quero falar: Subversões. Não vou nem explicar o que é porque Subversões é igual a piroca: quem viu já conhece, quem nunca viu, nunca vai saber o que é. Bem, nos early nineties eu e Salem fizemos este show que nos deu muitas alegrias, gargalhadas, aqué, noites incríveis e bafos mil Brasil afora. Sem falar que ganhamos prêmios, prestígio, abrimos nossos horizontes e....fechamos váááááários teatros com nosso show! Sim, é isso mesmo. Fechamos vários teatros. Senão, vejamos.

Estreamos em 1990 no Kitschnet. O Kitschnet funcionava onde antes era o Crepúsculo de Cubatão. Lá fizemos nosso primeiro show, só com seis músicas. O DJ Zé Pedro ajudava a Stella Miranda, nossa diretora, a operar a fita cassete que era o nosso playback (!!!!!!!!!!). Trash chique, não? Fizemos muito sucesso de público e crítica. Logo em seguida, o Kitschnet fechou.

Aí, em 1991 fomos convidados para a noite de inauguração do Torre de Babel, ali onde hoje em dia é o restaurante Frontera. Aqui só uma paradinha: o Torre era uma espécie de “casarão cultural” com várias “expressões de cultura”, como moda, música, gastronomia, decoração e quetais. Assim que você entrava, dava de cara com mesas e cadeiras - todas diferentes umas das outras - coisas do Gringo Cardia, que, aliás, assinava o projeto e era um dos sócios junto com Patrícia Travassos, Paula Travassos, Milton Dobbin, Diduche Worcman e Stella Miranda. À direita tinha uma arara com camisas e outras roupitchas. Muito camisão de báli e estampadão. Objetos de decoração à base de papier machê também eram tendência por lá. Você caminhava por um corredor estreito e, no final à esquerda ficava o micro palco. A comida era a cargo, se não me engano, de Donana, uma senhora que fazia uma comida deliciosa. Naquela época ainda não existia essa coisa de chef. Ou a cozinha prestava ou não prestava. A do Torre prestava. E muito. Saudades do brigadeirão chamado de Negão....Pois bem: inauguramos o Torre, fizemos a temporada do Subversões II – Vestidos de Nove e logo em seguida o Torre fechou.

Fomos convidados para ocupar o foyer do teatro Casa Grande, onde hoje fica o Shopping Leblon. Animados que éramos, “produzimos” o foyer. Transformamos o local numa espécie de cabaré onde nosso querido-amado-salve-salve Carlos Batata recebia a platéia vestido de freirinha e dublando a “Canção Para Uma Só Voz”. Sucesso absoluto. Ficamos seis meses. Saímos de lá, o Casa Grande fechou.
O sucesso continuava a nos perseguir e em 1995 fomos parar no Café do Teatro, lá no Teatro dos Quatro. Era um palquinho de 2 X 2 m, onde eu, Salem e Márcia aprontávamos nas noites de sexta e sábado. Ali consolidamos “sucessos” como “Meu nome é Creuza”, “Tô P da Vida”, “Toda Menina Baranga” “O Estrangeiro”, “Açougue”, “Nega Timbuca”, entre outros. Em 1998, o Café do Teatro fechou. Pra quem vive de humor, escreve, canta e conta piadas, não tem punchline mais surpreendente do que esse. Mas..... quando um teatro fecha é porque a nossa alegria não cabe mais lá dentro....

3 comentários:

Anônimo disse...

Aguardava anciosamente por mais uma de suas estréias, e como sempre você não desapontou, um testo digno de sua pessoa, e o conteúdo de um sábio colecionador de vitórias.
Parabéns .

Renato disse...

Meu amigo!

"e não pisa na cauda

Andre Garça disse...

Amei!
Me lembro até hoje quando vi Subverssões a primeira vez! E nem sonhava em te conhecer :)
Arrasa aí, Alô!
beijosss