quinta-feira, 12 de junho de 2008

Com vocês, Aloisio de Abreu (Brogue 3)

O post do dia de hoje é do Aloisio de Abreu e o seu "Brogue" de número 3.

Divirta-se.


BROGUE 3
Aloisio de Abreu

PEDRA DE ATIRADEIRA

Fui ao Fashion Rio. Peraí, deixa eu começar de novo. Consegui chegar no Fashion Rio. Desculpe, mas vou ter de começar mais uma vez. Depois do taxi onde eu estava passar por uma fila-de –um-quilômetro-de carros-que-tentavam-estacionar, me largar no meio do Aterro e eu dar um salto triplo carpado para escapar dos ônibus que trafegavam a duzentos por hora, eu entrei no Fashion Rio. Entrei é modo de dizer, porque um segurança instruía aos incautos que, ali onde ele estava, não era a entrada do evento: “O senhor pode dar a volta por trás ou aguardar na fila para ir de carrinho”. Oi? Dar a volta por trás? Mas é uma volta gigantesca que não faz o menor sentido. É isso mesmo, gordinhos. Se vocês quiserem entrar no “eveinto” vocês escolhem: ou entram na fila para ir no tal carrinho (igual àqueles de shopping, sabe?) ou vão a pé. Eu escolhi ir a pé, até porque estou acostumadíssimo a caminhar de manhã. E acho que os “formadores de opinião” deveriam desistir do carrinho e ir a pé também. O mote do evento não é reciclar? Então, minha gente, vamos reciclar essas panças cheias de goró de evento. Depois reclamam que estão gordas....!

EU TRABALHO COM MODA

Muito bem, depois da caminhada ecológica cortando caminho por Petrópolis, finalmente cheguei às enormes tendas de hidratação de dengue, ops, digo, cheguei às tendas do Fashion Rio. Algumas coisas me chamaram a atenção: a óbvia beleza da locação, o esforço que a organização empreende para manter o Rio de Janeiro no “mercado da moda” – palmas longas para as organizadoras – e a educação do “pessoal que trabalha com moda”. Eu disse educação? Deixa eu corrigir: a falta de educação dessas caveirinhas-féchon que supostamente lidam com elegância e estilo. Se, entre outros conceitos, moda é reflexo de comportamento, uhú, Nova Iguaçu, troféu melhor trapinho pro povo féchon, porque, no quesito boas maneiras, cruzes!!!!!! Não sou proctologista, mas vou dar um toque: “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”, “muito prazer”, “obrigado”, entre outras expressões de etiqueta e civilidade ainda são palavrinhas que a gente usa no dia-a-dia. Eu sei, eu sei, eu tenho um passado negro: fui educado pelo meu pai e pela minha mãe. Por isso, eu peço desculpas aos que nunca – ou mal – me cumprimentam. Mas prometo que vou me esforçar pra, da próxima vez, sei lá, vomitar na cara de alguem féchon que me for apresentado. Quem sabe assim eu entro no clima e sou melhor tratado? A essa altura vocês devem estar se perguntando: ué, tá reclamando tanto, o que é que foi fazer lá? Bem, eu fui prestigiar o desfile do Carlos Tufvesson. O Guilherme Cintra, meu amigo, recebeu dois convites e me chamou pra ir com ele. Obrigado, Gui. Achei super bacana, o Tufvesson é um talento. Depois, convidado pela Patrícia Casé e pela Andrea Franco, fui ver o desfile da Cantão, uma coleção mega colorida da Yamê Reis, queridíssima!

REGISTRA, CRISTINA!

Mas, pra mim, o ponto alto da noite foi a animação do meu vizinho de fila. No Salão Pão de Açúcar, onde ia rolar o desfile da Cantão, Guilherme, eu e Andrea Franco ficamos na fila B. B de bafo, eu diria. A meu lado, um homem de terno e gravata com cara de galego, era pura agitação. Antes do desfile começar, ele ligava seu celular e falava com alguém em tom muito aflito, ordenando que a pessoa “gravasse assim mesmo”. De repente, sem mais nem menos ele se apresentou à mim. Bom, pra encurtar a história, o nome dele é Ornellas e o hilário tem um programa que vai ao ar no canal 36 da NET toda quinta-feira, das 20 às 21h. O programa se chama “Ornellas – Qualidade & Saúde”, onde, segundo o próprio, “enfocamos tudo o que tenha a ver com qualidade e estilo de vida, uma coisa meio Amaury Junior, sabe como é?” Sei, Ornellas, sei sim. E não vou deixar de vê-lo na próxima semana, pois quero saber se o seu cameraman obedeceu suas instruções e se ele gravou tudo direitinho. Isso porque Ornellas queria entrar ao vivo, mas parece que o equipamento não ajudou muito. Então, como ele mesmo disse, “vai gravado mesmo”. Cristina, sua loura e rotunda assistente, sofreu discriminação. Como Ornellas não descolou assento marcado pra ela, a pobre coitada quase foi expulsa da sala pelos seguranças . Acabou que Ornellas chamou-a aos berros e, em questão de segundos, Cristina estava sentada à nossa frente na fila A. Cristina arrasou, é a vingança dos gordinhos. No final do desfile, enquanto aplaudíamos de pé, Ornellas mandou Cristina pegar sua máquina digital para registrar sua ilustre presença na festinha da moda e bradou: “Registra, Cristina!” E sorriu fazendo sua melhor pose.

POLITESSE

Guardei pro final um saquinho de confetes pra jogar em algumas pessoas. São elas: Evandro Rius, Patrícia Casé, Thereza Duarte, Toni Oliveira e Andrea Franco. Assim como eu, eles também têm um passado bem negro: receberam sólida educação.
Obrigado, queridões!
Alô, alô Marcelle e Sergio Amaral um beijo.

A Creusa, minha empregada, foi comigo ao “eveinto” e emitiu algumas opiniões.

MEU NOME É CREUSA

A: Creusa, é a primeira vez que você vem ao Fashion Rio?
C: É a “pimeira” veiz cim.
A: Gostou?
C: Os peçoal é tudo doido, né Aluisu?
A: Como assim ‘doido”?
C: Eças rolpa tudo. Os peçoal uza iso na vida real?
A: Não é bem assim, Creusa, a roupa que se vê na passarela é, digamos, a expressão do criador.
C: (desconfiada) Éééé......
A: É o quê?
C: É o maó barato. Pelo menu eu vi artista.
A: Quem você viu, Creusa?
C: A Quistiane Tolone. Já foi vantaje vir aqui. Aluisu, como que é o nome da gripe que ajente viu hagora?
A: Qual?
C: Eça que ajente viu hagorinha, que as minina uzava uns vestido-abajur andano no meio daqueles cacareco tudo.
A: Era a griffe do estilista Carlos Tufvesson. E aquilo que você chama de cacareco era a cenografia.
C: Oi?
A: Esquece. Creusa, depois de ver tantos estilos diferentes, o que você tem a dizer?
C: Axei os peçoal muito maguinho, eles peciza comer mais, sinão cai tudo duro. E deu peninha tamén de ver aquela gente esquizita com aquelas rolpa maluca. Ajente pença logo na mãe da peçoa, né?

Pano rápido.

Um comentário:

Anônimo disse...

Hilário.. consegui visualizar quadro a quadro.. agora espero a versão paulistana.. aff. bjz bjz